Um espaço dedicado às minhas presunções e reflexões sobre os mais diversos filmes que eu, viciado em cinema, vi, vejo e verei. Assim, posso tentar estipular um debate bacana sobre o cinema em si.

domingo

Uma semana com um ar de insólita

Meus caros,

Volto depois de uma semana vendo bons e peculiares filmes, e nessa ciranda eu incluí desde um bom filme dos irmãos Coen (talvez o melhor), um filme de Cronenberg e um filme que nos resgata a esperança de que o bom cinema nunca morrerá: A Lula e a Baleia. Vamos lá:

- CINEMA

A LULA E A BALEIA ****
De: Noah Baumbach
Com: Jeff Daniels, Laura Linney, Jesse Eisenberg, Owen Kline, Halley Feiffer, Anna Paquin, William Baldwin
Sinopse: Brooklyn, 1986. Bernard Berkman (Jeff Daniels) já foi um romancista de grande sucesso, sendo que sua esposa Joan (Laura Linney) começa a despontar na área. Tanto Bernard quanto Joan já desistiram de seu casamento, com ambos deixando seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), à própria sorte. Para Walt esta situação serve como aprendizado e amadurecimento, mas para Frank trata-se de uma transição complicada pela qual será obrigado a passar

Opinião: Este filme independente, produzido por Wes Anderson (Excêntricos Tenenbauns, A Vida Marinha de Steve Zissou - já comentado neste blog) e dirigido pelo estreante Noah Baumbach, é um filme muito bem realizado pelo baixo orçamento envolvido, com boas doses de atuação do seu elenco (bom como um todo, mais ainda se focarmos na família Berkman), e na minha opinião muito injustiçado pelos membros da Academia, por só ter concorrido ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Porque além de um bom roteiro e excelentes atuações, o filme também é muito defeito, Noah coloca o espectador no meio dos anos 80, os detalhes de linguagem e cenários remetem a essa época, e a problemática do divórcio nesse período, e principalmente a questão da guarda compartilhada, é bem enfocada.

O amadurecimento dos garotos, forçado pelo desmantelamento da estrutura familiar com a separação de Bernard e Joan, é a grande presença no filme, é o que torna de certa forma tocante, e de certa forma real. Realmente Noah seguiu muito bem a cartilha de Wes Anderson, e talvez até a tenha superado pelo tamanho talento em fazer de um filme denso um filme perfeitamente ingerível aos olhos do espectador comum.

Curiosidades:
O título se refere a um premiado painel que mostra uma lula gigante lutando contra uma baleia, disponível no American Museum of Natural History. Este painel é mostrado na última cena de A Lula e a Baleia.
- Laura Linney recebeu o roteiro de A Lula e a Baleia em 2000, entregue pelo também ator Eric Stoltz, com quem estava contracenando em A Essência da Paixão. A atriz aceitou trabalhar no filme imediatamente.
- Foi rodado em apenas 23 dias.
- O orçamento de A Lula e a Baleia foi de apenas US$ 1,5 milhão.

- DVD

FARGO ****
De: Joel Coen
Com: Frances McDormand, William H. Macy, Steve Buscemi, Peter Stormare
Sinopse: Em 1987 em Fargo, no Dakota do Norte, o gerente (William H. Macy) de uma revendedora de automóveis, ao se ver em uma delicada situação financeira, elabora o seqüestro da própria esposa (Kristin Rudrud) e faz um acordo com dois marginais, que ganhariam um carro novo e metade dos 80 mil dólares que seriam pagos pelo seu sogro, um homem muito rico. Mas uma série de acontecimentos não previstos cria logo de início um triplo assassinato e uma chefe de polícia grávida (Frances McDormand) tenta elucidar o caso, que continua provocando mais mortes.

Opinião: Os irmãos Coen Permeiam sua filmografia com flertando com diversos gêneros, e demonstrando diversos estilos de argumentação e movimento de câmera. Mas talvez Fargo seja a mais genuína assinatura dos irmãos Coen no cinema, seja pelo excelente roteiro (onde silhuetas de linguagem regionais do sul dos EUA, o interlace dos personagens, e também a estrutura dos personagens são delineados com perfeição), seja pela excelente direção (os atores estão á vontade em seus papéis), seja pela fotografia (o ambiente opaco e calmo do frio da região, contrastando com a violência e com o sangue jorrado), seja pela própria trilha sonora (do sempre envolvente Carter Burwell), tudo se encaixa perfeitamente nesse excelente longa, indicado a vários Oscars com justiça, porém só levando o de Melhor atriz (Frances Mc Dormand, muito bem) e pelo explêndido roteiro original, talvez este o Oscar mais emblemático para o verdadeiro valor do filme, como também foi ganhador do pr~emio de Melhor Direção em Cannes.

Curiosidades:
- As filmagens das cenas externas de Fargo tiveram que ocorrer em vários lugares diferentes em Minnesota, na Dakota do Norte e no Canadá, pois como a primavera estava se aproximando a neve dos locais de filmagens estavam começando a derreter.
- Apesar do filme declarar ser baseado numa história verídica, a história de Fargo foi na verdade elaborada pelos próprios irmãos Coen, roteiristas do filme.

MARCAS DA VIOLÊNCIA ****
De: David Cronenberg
Com: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt
Sinopse: Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranquila e feliz na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, onde mora com sua esposa Edie (Maria Bello) e seus dois filhos. Um dia esta rotina de calmaria é interrompida quando Tom consegue impedir um assalto em seu restaurante. Percebendo o perigo, Tom se antecipa e consegue salvar seus clientes e amigos e, em legítima defesa, mata dois criminosos. Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada a partir de então. A mídia passa a segui-lo, o que o obriga a falar com ela regularmente e faz com que ele deseje que sua vida retorne à calmaria anterior. Surge então em sua vida Carl Fogarty (Ed Harris), um misterioso homem que acredita que Tom lhe fez mal no passado.

Opinião: Um filme muito bem feito pelo singular diretor David Cronenberg (A Mosca, Scanners, Spider). Fugindo um pouco do seu estilo, ele aqui faz um correto drama com momentos de thriller sobre a suposta dupla identidade do personagem principal, o até então pacato Tom Stall, que reage com presteza e frieza a um assalto a sua cafeteria, localiada nuam simpática e pacata cidadezinha do interior. O fato se torna notícia e traz á tona detalhes há muito tempo enterrados, e que o diretor a todo momento faz com que o momento da revelação de que realmente é Tom Stall seja adiado, até que esta revelação se faça da maneira mais crua e violenta possível.
Um drama que merece a devida atenção, e que poderia ser o verdadeiro carro-chefe da campanha anti-armamentação ans vésperas do pleito sobre a comercialização das armas, pois mostra o real efeito que o uso da violência, e como as armas de fogo induzem o ser humano a cometer erros e desgraças. Infelizmente, a mídia preferiu, na época, focar no Senhor das Armas, que também é um bom filme, mas para a conscientização sobre os efeitos das armas no crescimento da violência, esta obra aqui é a mais profunda para qualquer tipo de debate bélico.

Curiosidades:
- Refilmagem de The Fastest Gun Alive (1956).
- O orçamento de Marcas da Violência foi de US$ 32 milhões


Buenas,

Cadu

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A lua e a baleia.. bom filme...
Mas não tem algo mais recente nao?

Acho que é o fim da era dos blogs.....

Sds.

1:23 da tarde

 

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